
O Círculo dos Amigos da Cultura de Macau (CAC) e a Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC) apresentam, no Albergue SCM, até 30 de dezembro de 2025, a exposição “At the Threshold of Memory (No limiar da memória)”, da artista portuguesa Mariana Maia Rocha. Patente até 30 de dezembro, a mostra tem curadoria de Mafalda Santos e integra o programa da FBAC “VAI-VEM”, no âmbito da candidatura “Territórios sem Fronteiras (2025–2026)”, apoiada pela República Portuguesa – Cultura, Juventude e Desporto / Direção-Geral das Artes.
A exposição é fruto de uma residência artística de aproximadamente um mês, iniciada a 13 de novembro de 2025, durante a qual Mariana Maia Rocha aprofundou o conhecimento do tecido cultural e urbano de Macau. “At the Threshold of Memory (No limiar da memória)” explora, assim, a arquitetura da transitoriedade, refletindo sobre o panorama material e espiritual da cidade.
A artista portuguesa, posicionando-se como observadora da diáspora, utilizou a experiência da residência para investigar o paradoxo do bambu – elemento central da construção vernacular local – que transita do utilitário e profano para o domínio do património cultural e do sagrado, frente à sua substituição crescente por aço e betão. A exposição propõe uma reflexão crítica sobre as rápidas transformações urbanas e o impacto da globalização na identidade local, em especial no contexto singular de Macau.
“Esta terceira colaboração, desde a nossa participação na Arte Macau 2023, reforça a ligação cultural entre Portugal e Macau, abrindo novas oportunidades para que a arte contemporânea portuguesa seja (re)conhecida internacionalmente. Acreditamos que iniciativas como esta não só promovem os artistas portugueses, como também estreitam os laços entre comunidades, criando um diálogo artístico que enriquece mutuamente estes territórios.”, afirma o Presidente da FBAC, Rui Teixeira.
Nas palavras da diretora artística da FBAC e curadora da exposição, Mafalda Santos, a mostra convida a “uma reflexão sobre fronteiras móveis, estruturas efémeras, mutações urbanas e narrativas espirituais, explorando a permeabilidade entre mundos e a criação de pontes simbólicas e materiais entre geografias distantes”.
De referir que a cerimónia de abertura reuniu um público diversificado, incluindo apreciadores de arte, convidados e profissionais do setor, evidenciando o crescente interesse pelas trocas artísticas interculturais. O corte da fita contou com a presença de representantes de instituições culturais de Macau e de Portugal, bem como da própria artista Mariana Maia Rocha. A exposição poderá ser visitada gratuitamente até 30 de dezembro de 2025, na Galeria D1 do Albergue SCM.
Sobre a artista
Mariana Maia Rocha é artista e investigadora, mestre em Belas-Artes pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e bolseira Gulbenkian Novos Talentos 2023/2024. Desenvolve uma abordagem interdisciplinar que cruza corpo, memória e território. A sua residência em Macau permitiu explorar a transitoriedade urbana, a dualidade simbólica da herança luso-chinesa e o impacto da modernização na identidade local, utilizando o bambu como metáfora central, que liga tradição utilitária e modernização urbana.