No próximo sábado, 15 de outubro, às 16h00, terá lugar no Fórum Cultural de Cerveira a primeira etapa do trabalho da artista Xela Marx, da 4ª fase do programa de Residências Artísticas 2016. Trata-se de uma apresentação de textos de Shakespeare, ao final da qual se convidará os assistentes a colaborar com objetos, que serão a base para o desenvolvimento, no período de residência, da pesquisa sobre a estrutura cerebral de um individuo que vive entre a fantasia e a realidade. A performance que surge dessa investigação, que será apresentada no dia 31 de outubro.
L.M. Uma reflexão sobre a memória e a fantasia
Trata-se de uma performance que se realiza em duas etapas, através da íntima colaboração com o público. Tendo como base as investigações interdisciplinares da artista e a preocupação com a distância e diferenciação habitual entre espectador (passivo) e artista (ativo), o objetivo desta performance é que o público seja cocriador do trabalho realizado, rompendo com o aniquilamento dessas posturas.
O texto escolhido para esta ocasião são as intervenções de Lady Macbeth e fragmentos da peça shakespeariana Macbeth. Através deles e da aportação do público, investiga-se o equilíbrio entre fantasia e memória, e a relação destas com a vivência dos tempos verbais. Sendo essa uma das principais caraterísticas definitórias de cada individuo, isto é, como se relaciona com seu passado, presente, e futuro, abordaremos como o equilíbrio entre o imaginário e a ação real tem a sua repercussão na própria definição ou inclusive na dissolução do sujeito. Particularmente procurar-se-á uma via à pergunta sobre o que acontece quando um individuo substitui, paulatinamente, a vivência por uma fantasia que nunca se chega a concretizar.
A base arquitetónica que se tece no trabalho consta das conexões cerebrais, aqueles caminhos já conhecidos, e os novos estabelecidos pela capacidade plástica neuronal. O trabalho joga com uma situação na qual o sujeito se arroja numa situação de tal Hipe abundancia e aniquilamentos simultâneos, que perde quaisquer ponto fixo ao que se agarra. Um tema de absoluta contemporaneidade, dada a nova relação que a nossa sociedade tem tido com a vivência do presente.
Xela Marx